Ainda não me tornei um escritor de verdade. Daqueles que escrevem páginas e páginas por dia, horas a fio, trabalhando no papel ou na cabeça a arquitetura das palavras, fazendo valer com isso o nome que lhe chamam. Não sou nada disso. Ainda. Estou muito longe de ser. Mas é cada vez mais gratificante para mim sentar e escrever. Prova disso é que os cadernos começam a se acumular aqui dentro de casa...
Porém, a cada trabalho ou tentativa de escrita sou, antes de mais nada, guilhotinado por mim. Coloco o papel na escadaria do cadafalso. Isso pode ser um problema pois, na medida em que mato a mim mesmo,acabo não criando nada. E ontem, participando da reunião semanal dos Clubes dos Pensadores de Niterói, o meu grande amigo e presidente do clube, Ayr Tavares, lança justamente uma frase que pinça o nervo do meu dilema: O excelente é sempre inimigo do bom. E vocês já entenderam o porque, não é? A gente almeja tanto a perfeição pelo pensamento que acaba não criando nada. E isso, tenho certeza, não é bom.
Porém, a cada trabalho ou tentativa de escrita sou, antes de mais nada, guilhotinado por mim. Coloco o papel na escadaria do cadafalso. Isso pode ser um problema pois, na medida em que mato a mim mesmo,acabo não criando nada. E ontem, participando da reunião semanal dos Clubes dos Pensadores de Niterói, o meu grande amigo e presidente do clube, Ayr Tavares, lança justamente uma frase que pinça o nervo do meu dilema: O excelente é sempre inimigo do bom. E vocês já entenderam o porque, não é? A gente almeja tanto a perfeição pelo pensamento que acaba não criando nada. E isso, tenho certeza, não é bom.
Estou no eterno dilema de que é possível escrever sobre tudo e de que de tudo ainda não sabemos nada o suficiente bem para poder dizer. E hoje em dia é sempre tentador dizer, escrever. Geralmente para falar mal. Como é tentador escrever sobre um livro que se abandonou no meio. Como é tentador falar mal de alguém que acabou de agir mal. Agiu mal, e no entanto agiu. E eu que, na medida em que procuro dentro de minha cabeça a ação perfeita, não fiz absolutamente nada?
Ah, como é tentador escrever. Hoje, todo mundo tem o seu espaço, o seu blog, o seu twitter. E quanta coisa, não? Mas sim, quantas realmente nos afetam? Nos perdemos na profusão de tantas palavras.
Na verdade, escrevo esse post para evocar uma frase de Onetti, escritor uruguaio, e que não me sai da cabeça: As únicas palavras que merecem existir são aquelas palavras melhores que o silêncio. Essa frase me comove e me faz rir. Por quê haveríamos de dizer algo melhor que o silêncio? Vocês já escutaram o que o silêncio nos diz?
Acabo de ler a epígrafe do Ricardo Reis que Saramago colocou, ironicamente, no seu livro O ano da morte de Ricardo Reis: Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo. E o silêncio às vezes é de um contentamento...
O que estou realmente buscando é o equilíbrio entre o dizer bem, a tagarelice e o silêncio.
Mas essa frase de Onetti é um conselho para qualquer escritor. Drummond já sabia disso. E alguém já me disse que não foram de palavras que a Ilíada foi feita. Se isso for verdade, quero cada vez mais escrever sem as palavras, nos interstícios da linguagem, atravessando o silêncio, na borda de cada letra. Escrever parece sempre ser algo que beira a impossibilidade. Talvez seja isso escrever: beirar a verdade de cada coisa. A palavra mais próxima do silêncio que no seu hálito brumoso nos dá algo quase invisível e que no entanto existe. Buscar as palavras mais próximas do silêncio, então, será isso?
Já dizia o sábio Mestre Jesus: o mal não é o que entra mas o que sai da boca do homem. Por isso, temos que cuidar das palavras escritas e faladas (principalmente em situações conflituosas) para que elas sejam melhores que o silêncio, parodiando o escritor onetti. A propósito, ler esse texto elaborado pelo J.M.de Castro é um deleite só. Penso que quase sempre somos melhores escrevendo que falando, não? Por isso VIVA OS ESCRITORES !!!
ResponderExcluirZé, querido... mas o que é o bom e o que é o excelente? Isto tudo, é percepção individual e única de cada um. Depende do momento em que estamos. Apenas escreva. Não sabemos o quanto teu amigo está certo ou errado. Apenas escreva. Acertar ou errar é sempre um risco. Ser melhor que o silêncio, depende só do momento de quem te recebe.
ResponderExcluirAinda não é um escritor de verdade? A Clarice - quem diria? a Clarice! - dizia que não era escritora "profissional". e o que é ser escritor profissional? o fato de não termos horário nem disciplina para escrever, necessariamente quer dizer que escrevamos mal?
ResponderExcluirNão sei se você é profissional, e quem sou eu para julgar? Só sei que gosto do que você escreve. Continue para meu deleite. Beijos.